domingo, 7 de abril de 2013

Roberta


A existência aparenta ser uma menina.
Se faz dócil quando quer alguma coisa,
Se faz alguma coisa quando quer ser dócil.
Menina levada que não leva a nada.
Atrevida e metida, a existência grita calada.
Suas mãos delicadas disfarçam as palmadas,
E sorri aos garotos como uma grande mulher.
A existência não tem idade,
Mas sei que é mais velha do que nós.
Rude, sarcástica e singela,
Essa menina se esqueceu
Que sua voz madura se revela...
E os colegas que antes tivera
Agora batem a porta à sua cara.
Todos nós fechamos os lábios
Quando ela tirou a máscara.
A menina que antes aqui em casa brincara
Agora dorme sozinha nas calçadas.
A existência quer ser ela de novo,
Mas, enquanto menina,
Sua única verdade será o choro,
Que deixou escapar enquanto brincava de ser o que não era.